O homem calvo andava apressadamente por entre o jardim do castelo, carregava consigo um livro. Um especial, sua capa era de couro com adornos em dourado em suas laterais, em seu centro continha uma pequena pedra azul, porém aparentava ter uma pequena cúpula de vidro cobrindo tal preciosidade. Suas paginas eram amareladas, antigas e pelo modo com o homem andava segurando no livro, parecia algo de extremo valor.
Olhou ao redor tentando ver se alguém estava a espreita, existiam espiões demais, traições demais, podia confiar apenas nele mesmo, e em alguns dos seus irmãos de causa. Adentou mais fundo no jardim e deparou-se com um pequeno labirinto, lembrava de como era belo em sua memoria, mas vendo-o novamente depois de tantos anos parecia um mausoléu. Dobrou a primeira esquerda e contou os passos, de uma seis e adentrou nas folhagens. Deparou-se com uma porta no meio de um clareira escondida no jardim.
Assemelhava-se com uma cripta, uma pequena estrutura de pedras se erguiam e uma porta de madeira envelhecida protegia a entrada. O homem andou até a porta e murmurou algo, uma pequena brisa passeou pelo local e a porta se abriu. O subsolo sempre lhe dava arrepios, sempre pensava que estaria mais próximo de demônios se fosse para baixo. Ele adentrou segurando o simbolo de Eldrian, sabia que ele o protegeria.
A descida fora agoniante, o lugar era úmido e pequenos abalos faziam pequenas lascas de pedras caírem. Tudo parecia instável, e os pequenos abalos ficavam mais fortes na medida que ia se aprofundando no local. Apressou o passo, odiava aquela sensação. No final viu o caminho se alongar e uma grande sala preencheu seus olhos. Nela havia um grande circulo, no centro uma múmia, totalmente enfaixada e ao seu redor seis homens erguendo e descendo os braços como em um ritual, e a cada movimento um pulso de energia era gerado e o local tremia.
Eles vestiam branco, com adornos em dourado, como os acólitos de Eldrian, mas no fundo em suas costas carregavam um grande sol dourado, com uma imagem de um dragão bordado ascendendo aos céus no meio. Eles pareciam concentrados, mas um deles notou a entrada do homem e saiu de sua posição em direção a ele. Estava em um dos extremos do circulo, mas ao sair de sua posição não se atreveu a passar pelo meio.
- Irmão Calris - Disse o acólito - chegou a hora da iniciação?
- Sim chegou irmão - respondeu Calris - Trouxe a vós o livro para saber qual sera o meu destino daqui para frente.
- De-me um minuto irei dialogar com o conselho.
O acólito voltou a sua posição e entrou em uma especie de transe, os abalos ficaram mais frequentes e os olhos daqueles que estavam no circulo ficaram dourados, e em uníssono disseram:
Da grande luz nos surgimos, e ansiamos pelo seu retorno.
Habitamos seu coração, vivemos do seu perdão.
Guie-nos grande primogênito, para que possamos devorar nossos inimigos.
A múmia estremeceu e a sala fora coberta por luz. Calris ajoelhou aos prantos, não podia tirar os olhos daquela luz, sabia que se perdesse essa oportunidade não haveria outra. Fechou um dos olhos pela intensidade mas o outro manteve aberto. E os acólitos continuaram:
Nos assim entendemos, sua piedade nos mostra o caminho;
O sacrifício sera-lhes dado e ele caminhará com seu conhecimento pela terra;
A voz da luz o guiara, e pelas suas bençãos seu corpo coberto estará;
Ao fim o destino se cumprira e o coração da luz voltara novamente a bater.
Calris levantou-se e segurou o livro como se sua vida dependesse disso. Abriu o outro olho e percebeu que o olho que permanecera aberto via o mundo de maneira diferente, como se a luz indicasse o seu caminho agora, a viu cobrindo o lugar e sabia para onde deveria ir. Os acólitos permaneceram em transe, como se sua mensagem já tivesse sido transmitida.
O homem calvo saiu do local apressadamente, e sua comitiva já estava pronta fora do castelo. Quatro cavaleiros da guarda, um clérigo de sua seita, e um paladino, August Terry, ponderou a lealdade do homem naquele momento. Sabia de sua fama, mas não tinha certeza sobre suas reais intenções. De qualquer forma sabia que a luz estaria com ele, e que nada de mal lhe aconteceria.
Guardou o livro em uma caixa dentro da carroça e disse aos homens para marcharem ao sul. Sabia que seria sua ultima viagem e que em breve veria a luz novamente. Pois no fim do caminho sua carne e seu espirito serviria para um proposito maior, uma libertação de uma nova era.
Guardou o livro em uma caixa dentro da carroça e disse aos homens para marcharem ao sul. Sabia que seria sua ultima viagem e que em breve veria a luz novamente. Pois no fim do caminho sua carne e seu espirito serviria para um proposito maior, uma libertação de uma nova era.